quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cidades terão mapeamento de fragilidade ambiental

Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas conduz estudos de vulnerabilidade nas cidades

Daniela Chiaretti escreve para o “Valor Econômico”:

"É uma negociação muito árdua e, como se pode ver, não é apenas uma negociação ambiental", começou o ministro Luiz Alberto Figueiredo, o chefe dos negociadores brasileiros no debate internacional sobre mudança climática.

"Tem tudo a ver com padrões de consumo, com impactos em taxas de crescimento dos países, com efeitos no comércio internacional e em várias outras áreas" prosseguiu, dando uma ideia do impacto que o que se discute nas Nações Unidas pode ter na vida das pessoas e no cotidiano das cidades.


Figueiredo falou a 140 representantes de governos estaduais e municipais reunidos em Brasília, durante a 1ª Jornada sobre Mudanças Climáticas e Consumo Sustentável, promovido pelo Iclei, uma organização internacional que reúne mais de mil governos locais no mundo. Ele ressaltou a necessidade de estudos mais amplos de vulnerabilidade aos efeitos das mudanças climáticas. Tendo esses diagnósticos, será possível desenvolver planos de adaptação mais acurados.


"Na mudança do clima há impactos possíveis, outros prováveis e outros completamente desconhecidos", prosseguiu. Contou o caso de um inseto canadense que nasce, se reproduz, se alimenta e morre no verão. "Mas com mais dias de verão, passou a se alimentar e se reproduzir mais e se transformou em praga que provocou prejuízos enormes à indústria madeireira do Canadá", continuou. "A mudança do clima produz efeitos imprevisíveis como este."

Estudos da vulnerabilidade de São Paulo e Rio já estão sendo feitos pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e criado em fevereiro, dentro do chamado PAC da Ciência. "O diagnóstico deve estar pronto em março", diz o climatologista Carlos Nobre, coordenador do INCT.

O mapeamento das fragilidades das cidades ao aumento do nível do mar, à seca, aos efeitos na saúde pública, nas florestas e nos recursos hídricos será elaborado também em Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Belém, Recife, Fortaleza, Brasília e Curitiba, em um investimento de R$ 1,5 milhão.

No caso de São Paulo e Rio, os recursos giram em torno a R$ 1 milhão. A ideia é dar subsídios aos governos para que tracem estratégias de adaptação mais ágeis e com horizontes de cinco anos.

"Se as cidades são parte do problema, elas também podem ser parte da solução" lembrou Laura Valente Macedo, diretora do Iclei para a América Latina. Só que apenas oito municípios no Brasil fizeram seu inventário de emissões e assim sabem quanto contribuem para as mudanças climáticas e onde devem agir.

No caso dos Estados, três têm a radiografia de sua poluição - São Paulo, Rio e Minas. Mato Grosso, Pernambuco e Bahia estão fazendo seus inventários.

O prefeito de Apuí, Antonio Marcos Maciel Fernandes (PSB-AM), contou como seu município está agindo para enfrentar um desafio que é global. Ele ingressou na rede mundial do Iclei de cidades pela proteção do clima. Tinha alguns trunfos na mão.

Apuí, que fica na beira da Transamazônica, se tornou uma barreira verde ao desmatamento que sobe pelo Mato Grosso, Pará e Rondônia. Tem nove unidades de conservação, que somam 2,46 milhões de hectares de reserva e deve assinar em breve um pacto local pelo desmatamento zero junto com os pecuaristas.

Fonte: Valor Econômico


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